domingo

Identificação

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO
DO RIO GRANDE DO SUL
DELAC - DEPARTAMENTO DE ESTUDOS DE LINGUAGEM,
ARTES E COMUNICAÇÃO
CURSO DE ARTES VISUAIS

Fabiana Cozer






Portfólio de Estágio








Projeto de Graduação II

Profª Drª Marlene Ramires François
Profª Lori Frants




Ijuí
2008

sábado

1. INTRODUÇÃO





...é preciso que aquele que vê
não seja estranho ao mundo que ele olha.
Nelson Brissac Peixoto


Justifica-se a escolha da referida temática apresentada tendo o intuito de aprofundar estudos sobre a importância da arte-educação de melhor qualidade, no ensino fundamental e médio, pois ela é um campo de atividade, conteúdos e possibilidades de muitos significados, ela também está voltada para as atividades artísticas, desempenhando papel integrador plural e interdisciplinar no processo formal e não-formal da educação.
O referente portfólio discorrerá desde o planejamento inicial, processo de elaboração, além de relatos de execução e resultados dos estágios realizados no Instituto Estadual de Educação Visconde de Taunay, IRAÍ – RS. Desenvolvido no Ensino Fundamental e Médio, solicitados pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÌ, como requisito para a conclusão do Curso de Licenciatura em Artes Visuais.

O estágio partiu de um plano de pesquisa teórico/prática das concepções de ensino adotadas pela Escola, logo foi possível realizar uma análise crítica referente as práticas educativas relacionadas ao ensino da Arte desenvolvidas na escola.
Esta pesquisa foi fundamental para nos colocar a par da realidade em que se encontra o ensino de Arte em nossas escolas, quais as expectativas dos educandos, experiências positivas, bem como as maiores dificuldades e principais frustrações dos educadores. Através desta, foi possível avaliar de uma forma crítica, o desenvolvimento do processo de ensino aprendizagem referente ao componente curricular Arte na referida escola.
Importante salientar que a utilização do portfólio como instrumento pedagógico de avaliação contribuiu bastante tanto para o processo de aprendizagem dos educandos, quanto para uma avaliação real e substancial capaz de medir a eficácia dos métodos, técnicas desenvolvidos durante os estágios, visto que o portfólio visa colocar o estudante como responsável por seu processo de aprendizagem a medida que lhe permite uma reflexão crítica sobre a prática, no sentido de captar seus avanços, suas resistências, suas dificuldades e possibilitar a tomada de decisão sobre o que fazer para superar os obstáculos.
Apresentando-se assim, o portfólio como um instrumento facilitador da reconstrução e reelaboração, por parte de cada estudante, do seu processo de aprendizagem ao longo de um período de ensino, sendo assim o portfólio uma estratégia que facilita a aprendizagem ao mesmo tempo em que permite a avaliação da mesma.
Através desta aproximação torna-se mais fácil concluir que, cabe a nós, futuros educadores, estimular os educandos de maneira que se descubram como seres criativos de si próprios e capazes de desenvolver seu eu sensível, emocional, criativo, enfim, artístico.
Os projetos de estágios aplicados e a seguir apresentados tiveram o intuito de exercitar a prática do ensino da arte indispensável aos acadêmicos do Curso de Licenciatura em Artes Visuais , na busca de experiências práticas, superação de desafios e métodos adequados que oportunizem aos educandos, ocasiões e atividades capazes de lhes permitir uma nova leitura sobre a realidade e ainda torna-los capazes de construir novas maneiras de sentir, ler e ver o mundo a sua volta, tendo em vista a importância fundamental da arte na formação dos sentidos humanos e da sua emoção estética.
Considerando ainda, ser objetivo do curso de Licenciatura em Artes Visuais da Unijuí a inserção de seus acadêmicos na vida social, cultural e educacional de sua comunidade e ao desenvolver atividades teórico-práticas começa à constituição de um profissional docente pesquisador em/de sua vivência educativa.

segunda-feira

1.1 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO


A Arte Contemporânea está cada vez mais presente no cenário mundial, nos grandes centros já é uma realidade marcante, logo começa a tomar espaço nas demais regiões. Ao mesmo tempo em que aumenta sua importância, cresce também o próprio espaço que a arte tem hoje para suas manifestações, seja em espaços culturais adequados, espaços urbanos ou nas escolas da rede de ensino. No Rio Grande do Sul podemos tomar como exemplo a Bienal do Mercosul que este ano recebeu milhares de alunos das redes públicas e privadas aproximando-os, integrando-os e permitindo uma interação, que se pode considerar, direta com o que há de mais significativo da arte contemporânea.
Conforme os PCN’s, ( 1997,p.61):

O mundo atual caracteriza-se por uma utilização da visualidade em quantidades inigualáveis na história, criando um universo de exposição múltipla para os seres humanos, o que gera a necessidade de uma educação para saber perceber e distinguir sentimentos, sensações, idéias e qualidades. Por isso o estudo das visualidades pode ser integrado nos projetos educacionais . Tal aprendizagem pode favorecer compreensões mais amplas para que o aluno desenvolva sua sensibilidade, afetividade e seus conceitos e se posicione criticamente.

Ao discutir a arte e seu ensino nas escolas, abordamos um assunto consideravelmente complexo, visto que a disciplina escolar arte apresentou distintas posições ao longo da história da educação. Por vezes foi considerada mera atividade prática, manualidade, habilidades motoras; por vezes, como momento da liberação criativa para o aluno, ambas com fins subalternos as das outras disciplinas, tidas como mais importantes.
A Arte Contemporânea, a medida que é trabalhada na escola, propicia situações diversas de ensino, provoca o olhar do aluno, tem a capacidade de gerar discussões e confronto de idéias que só vêm a contribuir para sua cultura e senso estético, e ainda, é uma realidade mais próxima no tempo e no espaço para a grande maioria dos alunos, do que qualquer período histórico da arte, e que, portanto, não pode ser desperdiçada.
Porém, não podemos deixar de considerar que o próprio conceito de Arte Contemporânea é algo que ainda está sendo construído, deve-se admitir que, para compreender a arte contemporânea, se deveria conhecer os objetos da arte que a legitimam como tal, prezando o sujeito que se proponha fruí-la.
Os PCN’s, ( 1997, p. 40) sustentam que:

A emoção que provoca o impacto no apreciador faz ressoar, dentro dele, o movimento que desencadeia novas combinações significativas entre as suas imagens internas em contato com as imagens da obra de arte. Mas a obra de arte não é resultante apenas da sensibilidade do artista, assim como a emoção estética do espectador não lhe vem unicamente do sentimento que a obra suscita nele. Na produção e apreciação da arte estão presentes habilidades de relacionar e solucionar questões propostas pela organização dos elementos que compõem as formas artísticas: conhecer arte envolve o exercício conjunto do pensamento, da intuição, da sensibilidade e da imaginação.

O ensino de arte, portanto, é um processo de articulação da experiência, de significação da relação do indivíduo com o meio e consigo mesmo. Nesse processo de articulação e ordenação, o potencial criador dialoga com as experiências acumuladas pelo sujeito da ação, relacionando o antigo com o novo, através de uma transformação que respeita a especificidade do sujeito e o objeto a ser conhecido, dando-se aí uma aprendizagem por experiência significativa.
É natural que a arte-educação busque através da arte contemporânea, despertar o aluno para a complexidade do mundo e sua inevitável relação com este mundo que poderá ser, mais, ou, menos proveitoso. Nesse sentido, os espaços urbanos são instrumentos consideravelmente significativos.
Fusari e Ferraz (2001, p.94) nos apontam que:

A sociedade contemporânea, com suas pesquisas e descobertas científicas, tecnológicas, traz inúmeras oportunidades no campo das imagens. Estas, enriquecidas com os novos meios, vêm complementar as experiências do desenho, da pintura, da gravura, escultura, arquitetura, e passam a ser produzidas também através das tecnologias eletrônicas, digitais etc. Em vista disso, convivemos hoje com outras linguagens visuais, audiovisuais, que têm especificidades próprias mas integram o universo da comunicação e das artes.

O cotidiano contemporâneo vem sendo invadido cada vez mais por imagens, sons, tão diversas quanto banais, que vem nos exigindo significantemente a capacidade de extrair do caos o necessário contraste encantador que significa e modela o estar junto no mundo. Esta desordem visual das cidades que satura os ambientes exige de nós arte-educadores a consciência e habilidade para transformar e extrair destes excessos leituras e experiências significativas utilizando-os como recurso e meio de linguagem contribuindo para estratégias educacionais voltadas para uma formação que considere a humanização das pessoas capaz então de enfrentar o desencanto e a anestesia promovidos por uma visão estreita do mundo .
A Arte, num país como o nosso, precisa ter cada vez mais um lugar de grande destaque na escola privilegiando, ainda, a riqueza e a sofisticação de nossas manifestações culturais especialmente nas expressões do nosso modo-de-ser-no-mundo, expressos em nossas festas, música, dança, teatro e produtos de mídia.
O ensino da arte apresenta-se como um processo de articulação da experiência, de significação da relação do individuo com o meio e consigo mesmo, além de desenvolver a imaginação criadora permite conceber novas situações, idéias, bem como articular os sentimentos em imagens, textos, música e movimento.
Fusari e Ferraz ( 2001, p. 23) afirmam que:

[...]a arte é representação do mundo cultural com significado, imaginação; é interpretação, é conhecimento do mundo; é, também expressão dos sentimentos, da energia interna, da efusão que se expressa, que se manifesta, que se simboliza. A arte é movimento na dialética da relação homem-mundo.

A proposta é pensar a arte contemporânea a partir do que ela nos opera, ou seja, pensando, sentindo, fazendo, simulando, percebendo, vendo, o que o artista nos apresenta inscrito na obra, e o que está nela que nos faz achar o feio, o desajeito, a curiosidade, a boniteza, o nojento, a afetividade, a inimizade, bem como alguma coisa que está nela que não conseguimos perceber. Entretanto, reconhecer que sempre há na obra algo que nos toca. A arte contemporânea propõe fazer, pensar, a partir do que/como o artista a elabora de qualquer matéria do mundo, quebrando o mito de que para fruí-la é necessário iniciar-se no mundo da arte. Não podemos, porém perder de vista as concepções de mundo e de sociedade que queremos vivenciar e construir com os alunos.
A educação escolar e o meio social exercem ação recíproca e permanente um sobre o outro. Para os educadores mais otimistas a educação escolar é pensada de forma idealística, considerando-a muito influente e capaz de mudar, por si só, as práticas sociais. Em oposição a estes, existe um outro grupo de professores que acredita que é a sociedade, com suas práticas, que determina totalmente a educação escolar a qual por sua vez é considerada reprodutora desta sociedade, sendo incapaz de mudá-la.
A dimensão educativa da arte enquanto experiência formativa, sob a perspectiva da condição criadora e inventiva do ser humano capaz é de explicitar a vida e suas relações sociais. Portanto é necessário um comprometimento trabalhoso, não se pode negar, processo de aprendizagem empenhado com uma reflexão interrogativa e investigativa do acontecimento artístico na cultura contemporânea , ou seja, capaz de integrar, reintegrar sensações e sentidos a medida que interage com o mundo que os rodeia repensando-o, transformando-o ou simplesmente compreendendo a complexidade do existir humano.
A contemporaneidade é marcada por uma considerável rapidez de transformações, sendo assim, é normal que a arte na educação escolar se depare com um significativo desencantamento do mundo, sensações de insegurança, incertezas de um mundo que por vezes parece ter virado pedra, sendo assim cabe a esta proporcionar este reencantamento permitindo ainda aprender como enfrentar os problemas da civilização, da cultura, do cotidiano, para transformar peso em leveza.
Pillar (1999, p.132):

O sujeito enfrenta, hoje, no cotidiano, uma verdadeira epopéia do olho e da pulsão de ter que ler com o olhar.[...] A educação do olhar torna-se então um imperativo, uma forma de humanização e de cultivo, o que representa um dispositivo para a cidadania. Essa educação demanda compatibilizar imagens do cotidiano a estudos estéticos sobre arte e cultura.

Uma possível abordagem poderá ser pautada na cotidianidade, haja vista que a arte, fundamentalmente contemporânea, aproxima-se da vida. A relação entre a fruição e os saberes da arte não devem ser impositivos, mas dialogantes, para que o observador leigo possa estabelecer vínculos por meio de impensados e imprevisíveis repertórios. Se o propósito da arte fosse discorrer somente sobre a arte, não seria necessário abrir as portas dos museus, os portões das bienais, etc. Enfim, falar de arte como se fala da vida.
O professor necessita conhecer as tendências que influenciaram o ensino e a aprendizagem da arte ao longo da história, para poder entender a situação da arte-educação no contexto atual e refletir sobre sua atuação pedagógica com o objetivo de otimizá-la.
A arte é, talvez, a última possibilidade deste mundo tão opaco. E está rigorosamente nas mãos de quem trabalha com educação fazer com que os jovens e crianças percebam a infinidade de coisas que compõem o mundo. Entendê-lo como sendo um elenco de imagens gloriosas que a nossa expressão produziu é pouco. O mundo é mais do que isso. Temos que conjugar esse esforço com uma visita àquilo que é próximo, deixando aflorar elementos como a evocação, a imaginação, a nostalgia, a memória. Assim, quando pedirmos para o aluno que ele olhe para o mundo, para que escolha um fragmento daquilo que interessa de seu ambiente e eleja, ele vai eleger alguma coisa. Ele vai se escolher. Ele vai se reencontrar no mundo.

domingo

2.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE O PLANEJAMENTO


Não precisamos de muito esforço para perceber que a realidade educacional da arte ainda está longe de ser satisfatória e capaz de atingir seus verdadeiros objetivos, mais especificamente no que se refere à escola pública.Ela traduz uma distância existente entre intenção e gesto na política educacional brasileira, faltam professores formados na área, não se prepara ou atualiza os educadores existentes, nem lhes oferece as condições mínimas necessárias para o desenvolvimento das aulas.
Além disto a escola vem sendo pressionada a exercer uma tarefa que não era sua, pertencia a família, deixando a verdadeira tarefa educacional de lado, distanciando-a assim de seu verdadeiro objetivo. Carregados de compromisso e comprometimento, parte dos professores relutam conscientes a esta realidade, porém, outros cada vez mais, assumem posturas que competem à família exercer, assim sobrecarregando-se deixando de cumprir com a verdadeira especificidade da escola.
O ensino de arte exige muitas especificidades que são desconhecidas, pelos profissionais de outras áreas deixando de considera-la em sua amplitude, visto que o valor pedagógico com relação a expressão artística vai além do experimentar, do fazer, do produzir, mas apresenta-se como um processo de articulação da experiência, de significação da relação do indivíduo com o meio e consigo mesmo, além de desenvolver a imaginação criadora permite conceber situações novas, idéias e articular os sentimentos em imagens, textos, música, dança e movimento. A arte é um conhecimento que permite aproximar indivíduos, culturas diferentes, é uma expressão universal e ao mesmo tempo pessoal, uma criação única, inserida num contexto cultural e histórico.
Como podemos perceber precisamos de um maior comprometimento coletivo para que o ensino da arte atinja os seus objetivos tão essências, à medida que reconhecemos a capacidade do ensino da arte de possibilitar vivencias sensibilizadoras, capazes de tornar os educandos seres mais cientes de seus sentimentos e emoções, auxiliando-o na leitura do mundo, ajudando-o a compreende-lo melhor e a sua história.
A escola apresenta uma proposta pedagógica comprometida com a transformação social.Ela se orienta nos princípios da educação libertadora, onde o aluno é sujeito do processo ensino-aprendizagem. Visando desta forma, ajuda-los a se apropriarem, criarem, construírem conhecimento através do seu contexto atual, posicionando-se politicamente de maneira crítica e responsável, respeitando as características e diferenças inerentes ao ser humano.
É ainda objetivo da escola oportunizar ao aluno atividades em que ele seja capaz de participar efetivamente da construção do saber, buscando interagir de forma consciente no processo educativo, tendo uma postura crítica, criativa e inovadora que possa garantir a transformação da sociedade.
O componente curricular Arte está compreendido na área de Comunicação e Expressão, mais especificamente como Artes no Ensino Fundamental e Arte, no Ensino Médio.
Proporcionar ao educando a compreensão e a utilização das diferentes linguagens como meio de organização cognitiva da sua realidade através da constituição de significados, expressão, comunicação e informação são também metas compreendidas na área de Comunicação e Expressão.
Quanto à proposta específica do ensino de arte na escola , o plano de estudos a compreende no formato de objetivos gerais, e as ementas podem ser conferidas em anexo no portfólio.
Através das observações feitas em sala de aula, foi possível analisar a forma como a educadora desenvolve a proposta de ensino, qual sua metodologia e a forma como os alunos respondem para a construção do seu conhecimento.
Superando limites sócio-econômicos, e de valores, devido ao fato de alguns educandos e até pais, não reconhecerem a disciplina como importante, deixando de levar sequer o mínimo do material solicitado para as aulas (caderno de desenho, lápis 6B, tesoura, régua, lápis de cor) a educadora procura transmitir, nas aulas de artes, noções de geometria, algumas técnicas de desenho, recorte, colagens, além de trabalhos voltados as datas comemorativas, técnicas de artesanato, música, dramatizações e um pouco de história da arte, embora sem relacionar com as atividades práticas.
Como podemos perceber, a escola, assim como os professores estão abertos a novas propostas de trabalho e sugestões que visem um melhor rendimento dos educandos, além de experiências que oportunizem a construção do conhecimento, o que contribuiu de forma relevante na hora do planejamento de estágio a medida que não foram colocados empecilhos por parte da instituição, direção ou corpo docente. É claro que não se pode deixar de considerar os limites econômicos das instituições públicas, como no caso, escola estadual, bem como da grande maioria de sua clientela. Durante o planejamento foi muito importante considerar estes aspectos para que não houvesse frustrações e para que os educandos pudessem também perceber as possibilidades de se trabalhar com materiais de baixo custo que estão ao nosso alcance, além ainda de quando possível substituir recursos sem prejudicar o rendimento das aulas, como veremos no relatório mais adiante.
Outro aspecto consideravelmente negativo é a pequena oferta de materiais relacionados às artes visuais além da falta de espaços no município dedicados a arte ou mesmo a cultura local.Mas graças proliferação das novas tecnologias a escola disponibiliza de um laboratório de informática no qual pode-se contar na hora das pesquisas, observações, sistematizações, veiculação e socialização dos trabalhos desenvolvidos.
Dentro dos princípios da escola, no seu fazer pedagógico, a educação é voltada para a formação de sujeitos críticos, capaz de transformar a sua realidade tornando-a mais justa, democrática, humanística. Dando ao educando a oportunidade de construir o seu conhecimento considerando o contexto histórico e cultural onde está inserido além de valorizar e interagir com diferentes culturas e saberes.

sábado

2.3Análises dos estágios no Ensino Fundamental e Médio


Ao participar das observações das aulas do Ensino Médio e do Ensino Fundamental, pude perceber que os alunos até o momento não tinham experiências com algumas ou a maioria das linguagens artísticas. Não tinham conhecimento sobre o que era leitura e releitura de obra. Portanto, combinei com as professoras que iria trabalhar com eles no primeiro momento o conceito de leitura e releitura além do que havia programado para esta primeira aula, que foram além da dinâmica de apresentações habituais e a discussão dos planos do estagio, conversar a discussão sobre os conceitos de “o que é arte, para que estudar arte, o que é leitura de imagem, releitura. Análise da arte como registro histórico e como produto cultural. ”
A retomada de conceitos relacionados a arte, bem como o próprio conceito de arte foi imprescindível em ambos os casos, ensino fundamental e médio, tento em vista uma idéia pré- estabelecida em relação ao componente curricular por parte dos alunos, que normalmente não condiz as novas propostas de ensino da arte ou sequer contemplam a arte contemporânea e suas diversas linguagens consideravelmente mais próximas a realidade dos alunos.
No que diz respeito ao ensino da arte precisamos reconhecer que o contato direto com imagens, reproduções, impressas ou digitais é imprescindível para o seu ensino, a falta ou carência destes materiais pode em muito comprometer o desenvolvimento das aulas. Nas escolas públicas é comum nos depararmos com esta realidade, uma saída eficiente para este contratempo, se assim podemos chamar, foi a criação de blogs, posto que a maioria das escolas públicas já disponibiliza de laboratórios de informática com acesso a internet, onde os conteúdos, textos, referências, vídeos, imagens, entre outros, puderam ser veiculados com significativa eficiência. Devemos considerando ainda que o blog nos serviu também como portfólio pois os alunos produziram seus próprios blogs que foi construído durante o desenvolvimento dos projetos proporcionando reflexões, avaliação, motivação, reconhecimento, valorização do trabalho desenvolvido, interesse pela arte contemporânea em especial a arte urbana, bem como o reconhecimento da importância da própria disciplina- Arte.
Os projetos desenvolvidos tiveram como tema central a inserção da arte contemporânea no ambiente escolar percorrendo um percurso que teve como ponto se partida o Modernismo Brasileiro.
A partir destas reflexões e pesquisas foram abundantes as idéias e propostas apresentadas pelos alunos, agora mais seguros para expor seus desejos, idéias e sentimentos certos de que não estavam sozinhos e de que a arte contemporânea pode está presente no dia a dia deles.
O portfólio teve sua execução prazerosa e espontânea e seu processo teve um caráter extremamente seletivo, avaliativo e reflexivo para os educandos, momentos em que puderam rever e reorganizar seu pensamento.
Durante a leitura de imagens, contando com muita ludicidade os educandos em sua maioria surpreendeu, pela grande capacidade de percepção e riqueza na descrição de detalhes muitas vezes imperceptíveis aos adultos, pois esta sensível e fundamental capacidade de ver, fruir e sensibilizarmos, que pulsa fortemente nas crianças.
É fundamental comentar também sobre a produção coletiva das intervenções realizadas na cidade de Irai releitura das intervenções dos grupos GIA e PORO que a medida que dialogavam entre si, contavam histórias e interferiram no espaço instigando, inspirando e aguçando a curiosidade de boa parte da comunidade. A preocupação da turma com o resultado final das intervenções foi bastante considerável assim como a proporção e escolha do espaço adequado para a intervenção.
Seria lamentável deixar de citar os trabalhos realizadas pelos alunos da quinta série que trabalharam com os períodos do Pontilhismo e Expressionismo ao realizar seus trabalhos a medida que dialogavam entre si, inspirando e aguçando a curiosidade de boa parte da comunidade escolar. A preocupação da turma com a composição cromática foi bastante considerável assim como o tamanho e escolha do espaço adequado para a produção individual, considerando sempre a produção do colega a capacidade de diálogo entre estas figuras, e o mais curioso, a auto crítica após a conclusão do painel em diálogos espontâneos, comentários sobre formas ou cores diferentes que teriam melhores resultados, entre outros.
Durante a atividade os alunos, tiveram grande preocupação com o espaço, plano de fundo, temática, mas de modo geral muito satisfeitos e a cada montagem mais motivados a criarem novas situações.
No que diz respeito ao ensino médio a idéia de portfólio foi logo vista como um problema, algo incômodo, chato e complicado, porém ao chegar a idéia de um blog como Portfólio concluíram que o mesmo não deveria ser um resultado mas sim um processo, precisamos reconhecer que está resistência de certa forma prejudicou um pouco a sua produção, porém logo foi muito gratificante vê-los reconhecer e solicitar que o portfólio fosse contínuo e se estendesse aos demais trimestres.
Inicialmente a idéia de arte contemporânea assustou um pouco os educandos, porém logo se mostraram muito dispostos na elaboração das propostas de intervenção na cidade, realizando uma releitura que misturou as propostas dos grupos GIA, Esqueleto Coletivo e Poro como podemos conferir nos blogs: http://albumdearte.blogspot.com/ e http://agendadeartes.blogspot.com/ , os próprios Portfólio dos alunos. A maioria da turma considerou as intervenção na cidade um verdadeiro sucesso e questionaram logo quando e onde seria a próxima, foi muito gratificante.
No que diz respeito às dificuldades apresentadas pelos educandos, no ensino fundamental, por exemplo, percepção espacial, noções de perspectiva, o pouco contato com elementos artísticos, porém muito bem superadas, é claro respeitando e considerando a maturidade de cada educando, durante as atividades eram realizados atendimentos individuais, discussões no grupo na busca de soluções, exposição, discussão e avaliação coletiva dos trabalhos, muita leitura de imagens.
As crianças em geral, como já foi citado anteriormente são muito espontâneas, autocríticas e sensíveis, assim sendo capaz de rever e reconsiderar suas produções. A arte é inegavelmente uma linguagem universal especialmente no mundo infantil.
Outro aspecto importante a ser considerado foi a excelente capacidade perceptiva de dois alunos especialmente, que carregam consigo uma história não tão feliz no contexto escolar, dificuldades na leitura e escrita, histórico de repetência, obtiveram considerável destaque na área de arte, ao contrário do que se imaginava a sensibilidade visual, interpretativa e imaginativa destes alunos foi surpreendente , o que fez com que auto estima dos mesmos fosse elevada, sentindo-se motivados, instigados, e até mesmo muito dispostos para as produções.
No ensino médio os educandos já construíram toda uma história, produziram idéias, organizaram conceitos ao longo de sua vida escolar, a maior dificuldade encontrada foi a partir dos conceitos e pré-conceitos estabelecidos apresentar esta nova idéia de arte na escola, até então limitada a técnicas de reprodução, decoração, artesanato. Porém a medida em que os educandos se permitem reelaborar seus antigos conceitos o desenvolvimento das aulas torna-se muito gratificante.
Esta reelaboração de conceitos só foi possível através de muita pesquisa, apresentação de materiais, imagens, periódicos, leitura de imagens, visitas em sites e blogs referentes a arte contemporânea, em especial a arte urbana, é inegável a importância da internet como uma ferramenta versátil, eficaz e fascinante aos adolescentes capaz de, em nosso caso aproximar de forma significativa, fazendo-os refletir sobre a capacidade sensibilizadora e inusitada da arte contemporânea em especial.
É preciso admitir que a criação de um blog para a turma, onde foram postados textos, referências, comentários, fotografias, entre outros, foi um recurso muito motivador e instigante para os educandos, que além de facilitar a veiculação, observação e leitura de imagens e obras colocou-os como co-responsáveis na sua produção e resultados.
O conceito de arte se modificou o educador tem um papel fundamental dentro da concepção contemporânea de arte-educação, temos a tarefa fundamental de despertar nos educandos à vontade de aprender, interpretar e aperfeiçoar-se, através especialmente do ensino da arte contemporânea despertar no educando o desejo de decifrar, suscitar o pensamento, criar situações de experiências que provoquem o pensamento, inserindo este novo conceito de beleza da arte contemporânea, a beleza intrínseca, que é suscitada mesmo através do estranho, nojento, feio.
A inserção da Arte contemporânea no Ensino da Arte repercutiu em muitas contribuições e experiências diversificadas, além de desafiar e inquietar a medida que desequilibra, provoca, fazendo com que se queira saber sempre mais, transformando a própria forma de ver, pensar e repensar o a próprio cotidiano.

Os alunos em artes visuais, devem aprender conteúdos relacionados ao fazer,
ao apreciar e ao refletir sobre a arte e sua história baseados na Concepção
Triangular de ensino de arte na relação do fazer, da leitura da obra e da
contextualização. Segundo Barbosa, (2002, p.70):

A Proposta Triangular permite uma interação dinâmica e multidimensional, entre as partes e o todo e vice-versa, do contexto do ensino da Arte, ou seja, entre as disciplinas básicas da área, entre as outras disciplinas, no inter-relacionamento das três ações básicas: ler, fazer e contextualizar e no inter- relacionamento das outras três ações decorrentes: decodificar/codificar, experimentar, informar e refletir.
Como podemos perceber este caminho foi plenamente percorrido durante o desenvolvimento dos estágios, tanto no Ensino Fundamental quanto no Ensino Médio, obtendo-se assim resultados bastante satisfatórios, e no caso do Ensino Médio até mesmo surpreendente, visto que no inicio das aulas os alunos mostravam-se bastante inseguros frente a Arte contemporânea e a final no estágio mostraram-se amplamente envolvidos.
A Arte cumpre importante papel em nossa vida, a medida em que desenvolvemos a capacidade de observar o mundo estamos fazendo muito de arte, posto que esta é essencialmente uma manifestação do homem.
Se até o século XIX a arte servia para ser apreciada; hoje ela é para ser lida e vivida, deixando assim de priorizar a estética do objeto, passando a ter como essência a beleza do sentir . Os signos da arte contemporânea universais e fragmentários, podem nos levar à análise e à síntese, à descoberta de novas possibilidades de ação, a reconhecer o outro como ser sensível, à volta da emoção como emergência natural de expressão.

2.4 Relações com a comunidade educativa e relações interpessoais

A relação com a comunidade educativa foi excelente, sendo um ponto positivo do estágio, o estudo dos documentos da escola foi fundamental para a realização da análise das propostas da escola o que teve intenso apoio da supervisão escolar, só assim pode-se tirar conclusões, relacionando a teoria proposta pela escola com a prática desenvolvida.
Vivemos num mundo que exige cada vez a capacidade de extrair do caos forças geradoras de interrogações que apelam a investigações visuais capazes de enfrentar o desencanto e a anestesia promovidos pela correria do dia-a-dia contemporâneo e por uma estreita visão do futuro.
Nesse sentido a proposta de trabalho apresentada intitulada “A arte Contemporânea” proporcionou através das atividades propostas e integralmente relacionadas ao tema a idéia de integração, bem como interação dos espectadores, no caso da turma de Ensino Fundamental, mais especificamente a comunidade escolar, no caso da turma de Ensino Médio portanto pode-se se ampliar estas relações a medida em que pode-se realizar intervenções artísticas na praça pública localizada no centro da cidade realizando com propostas artísticas em uma releitura de um dos trabalhos propostos pelo grupo GIA ( Balo
Foi possível observar durante a execução de um dos trabalhos (painel) pela turma da 3ª série do ensino fundamental, o interesse das demais turmas das séries iniciais que foram instigadas espontaneamente e logo convidadas juntamente com seus professores a dar seqüência ao trabalho que vinha sendo desenvolvido durante o estágio, o que foi bastante gratificante e motivador, provando assim a capacidade sensibilizadora da arte.
A partir daí deu-se início ao desenvolvimento de um grande projeto envolvendo principalmente as séries iniciais do ensino fundamental, professores dispostos a integrar mais integral e efetivamente a arte em seus currículos, reconhecendo ainda a sua importância e a capacidade de desenvolver em seus alunos habilidades que muitas vezes são deixadas de lado.
Nos foram proporcionados pequenos encontros que possibilitaram a integração, exposição da proposta de estágio, troca e indicação de materiais, apresentação da metodologia, visto que nenhum dos demais professores envolvidos tem formação na área de arte.
Entender a arte em sua capacidade de despertar, integrar, instigar e encantar a medida em que possibilita a produção de significação coletiva partindo de singularidades.
Quanto as atividades desenvolvidas pelo Ensino Médio, a medida que interferimos no espaço da escola a reação de estranheza, desconfiança, foi capaz de criar sensações, situações capazes de desconcertar a comunidade escolar fazendo com que quisessem saber mais sobre a arte e sua manifestações contemporâneas.
A experiência com a arte é capaz de reacender a chama do encantamento e a medida em que proporcionamos os questionamentos através de experiências artísticas visuais já estamos permitindo uma significativa interação com a arte contemporânea.

sexta-feira

2.5 Síntese final


O estágio foi um período em que se buscou vincular aspectos teóricos com aspectos práticos. Foi um momento em que a teoria e a prática se mesclaram para que fosse possível apresentar um bom resultado. E, sobretudo perceber a necessidade em assumir uma postura não só crítica, mas também reflexiva da nossa prática educativa diante da realidade e a partir dela, para que possamos buscar uma educação de qualidade, que é garantido em lei (LDB - Lei nº 9394/96).
Realmente não foi fácil esse estágio, encontrei diversas dificuldades, principalmente pelo fato de os alunos não ter nenhuma base do que era uma verdadeira aula de arte, juntamente com à estrutura física da escola, pois a sala era pequena, para os 35 alunos, a falta de um ambiente adequado para a realização das aulas de arte bem como a falta de matérias não contribuíram para a realização de muitas das atividades.
Busquei trabalhar de forma dinâmica, precisamos ter uma postura efetiva de um profissional que se preocupa verdadeiramente com o aprendizado, que deve exercer o papel de um mediador entre a sociedade e a particularidade do educando. Devemos despertar no educando a consciência de que ele não está pronto, aguçando nele o desejo de se complementar, capacitá-lo ao exercício de uma consciência crítica de si mesmo, do outro e do mundo. Mas como fazer isso é o grande desafio que o arte educador encontra.
Pode-se afirmar, que o portfólio apresenta-se como um excelente instrumento de avaliação a medida em que permitiu identificar questões relacionadas ao modo como os estudantes refletem sobre quais os reais objetivos de sua aprendizagem e como ele articulou seus conhecimentos, assim, da mesma forma o educador será capaz de avaliar e rever as estratégia utilizadas e quando necessario redirecionar seu ensino. Como podemos perceber o portfólio proporciona a ambas as partes, educandos e educador ampla reflexão sobre o processo vivido permitindo e motivando a reelaborações necessárias a um conhecimento mais real e paupável ao educando.
O papel da arte na educação escolar quando se propõe aprender/ensinar como enfrentar os problemas da civilização, da cultura, do cotidiano, sendo assim enquanto arte-educadores, cabe a nós instigar os educandos a perceber através do “olhar” as visões de mundo que podem ser reveladas através da arte, percebendo que, assim como cada artista eles tem também, visões de mundo, repertórios, memórias. Desta forma, e respeitando as individualidades seremos capazes de relacionar interesses, objetivos educacionais, mudando conceitos da arte e do ensino da arte nas escolas de hoje.
Como podemos perceber precisamos de um maior comprometimento coletivo para que o ensino da arte atinja os seus objetivos, tão essências, à medida que reconhecemos a capacidade do ensino da arte de possibilitar vivencias sensibilizadoras, capazes de tornar os educandos seres mais cientes de seus sentimentos e emoções, auxiliando-o na leitura do mundo, ajudando-o a compreendê-lo melhor e a sua história.
Mas sem dúvida alguma o meu aprendizado foi imenso, mesmo concluindo que com a turma do ensino fundamental, poderia ter sido mais ousada. Contudo eles tiveram muitos pontos positivos, e cresceram muito durante este período de estágio. Já com a turma do ensino médio concluo o estágio com um resultado muito maior que as expectativas. Enfim, tenho a sensação de que sou vitoriosa, por alcançar os objetivos traçados para este estágio, por transpor as dificuldades encontradas.

2.6 REFERÊNCIAS

BARBOSA, A M. A Imagem no Ensino da Arte. São Paulo: Perspectiva, 1994.
BARBOSA, Ana Mae. Inquietações e Mudanças no Ensino da Arte. São Paulo, 2003.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996: Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional.
CAUQUELIN, Anne. Arte contemporânea: uma introdução. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
Farias, Agnaldo. A arte e sua relação com o espaço público http://www.artenaescola.org.br/ acessado em 15.12.07
FERRAZ, M.H.C. de T. & FUSARI, M.F. de R. e. Metodologia do ensino da arte. São Paulo: Cortez, 1993.
FUSARI, Maria F. R.; FERRAZ, Maria H. C. T. Arte na educação escolar. São Paulo: Cortez, 1992.
Guia da 6ª Bienal do Mercosul / Fundação Bienal do Mercosul; tradução de Gabriela Petit...[et al.]. – Porto Alegre: Fundação Bienal do Mercosul, 2007.
Parâmetros Curriculares Nacionais: arte / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília: MEC/SEF,1997.

quinta-feira

Anexos (Arte Contemporânea)

1.ARTE CONTEMPORÂNEA


A arte contemporânea, alusão à arte produzida depois da II Guerra Mundial, é caracterizada por apresentar uma ampla disposição para a experimentação, levando os artistas a realizarem uma verdadeira fusão de linguagens, materiais e tecnologias.
Segundo alguns autores como Archer (2001), Cauquelin (2005) e Millet (1997), os artistas procuram questionar os suportes, os materiais, os espaços, gerando conflitos e polêmicas.
Em 1917, Marcel Duchamp enviou para o Salão da Associação de Artistas Independentes um urinol de louça, utilizado em sanitários masculinos, com um título sugestivo de “Fonte”. Não era o primeiro readymade (apropriação e deslocamento de objetos pré-fabricados para o meio de arte), em 1913, Duchamp já havia se utilizado de um banco de cozinha onde parafusou no assento uma roda de bicicleta. Mas foi o primeiro enviado para uma exposição.

1.1 A ARTE CONTEMPORÂNEA NO ESPAÇO URBANO

A arte contemporânea tem cada vez mais estabelecido relações com o espaço urbano, favorecendo relações estéticas e éticas numa sociedade cada vez mais complexa, conforme Pallamin (2.000, p.41) “esta abordagem sobre a valorização de práticas cotidianas é fundamental para a arte urbana, uma vez que aquelas podem se mostrar através desta, modificando os espaços públicos com apropriações inusitadas e, com isto, alterando sua carga simbólica.”

Tendências como intervenções e interferências urbanas, obras que na medida que se impõem no cotidiano convidam para um diálogo com o público comum, considerando as inúmeras possibilidades desde o encantamento a estranheza do espectador que se coloca em contato voluntária ou involuntariamente com a produção artística inserida no espaço urbano. A seguir veremos alguns grupos que vem trabalhando sob estas expectativas.

Poro – Intervenções urbanas e ações efêmeras

De Belo Horizonte. Formado pela dupla Brígida Campbell e Marcelo Terça-Nada!, Atua desde 2002 tendo como focos principais o espaço público, as manifestações efêmeras e as mídias de comunicação de massa.Com a tentativa de problematizar através de ações poéticas a relação das pessoas com a arte, a relação delas com a cidade e a relação da arte com a vida. O público alvo preferido o espaço público. Na tentativa de problematizar através de ações poéticas a relação das pessoas com a arte, a relação delas com a cidade e a relação da arte com a vida. Realizam trabalhos incorporando as poéticas pessoais dos seus membros.

poro@redezero.org
1) ATIVIDADEDividir a turma em 3 equipes.Um representante da equipe receberá a indicação de um espaço.Cada equipe deverá interferir no espaço indicado ao grupo da forma mais radical possível utilizando um mínimo de recursos.
Esqueleto Coletivo
Ativo desde 2002
Origem: São Paulo – SP
Eduardo Verderame + Luciana Costa + Mariana Cavalcante + Thereza Salazar + Rodrigo Barbosa Esqueleto Coletivo é uma associação de artistas e produtores empenhados em ampliar as fronteiras da arte no cotidiano, trabalhando conjuntamente com outros artistas e grupos. O Esqueleto vem desenvolvendo a produção de eventos de arte e exposições, performance e dança, música e vídeo, além de promover parcerias na área cultural.
“ Não ignore, tampouco seja ignorado, cole esta na testa de alguém, mande uma foto para o e-mail dos esqueletos.”

O grupo de artistas paulistas, Esqueleto Coletivo, empenhados em ampliar as fronteiras da arte no cotidiano, apresentam propostas contemporâneas de arte que relacionam-se diretamente com este novo espaço e que questionam, entre outros temas justamente este exagero, esta imposição de imagens a que somos obrigados a digerir diariamente.
À medida que a arte ocupa estes espaços que são roubados ou negados aos artistas, permite também alertar a sociedade, questionar e discutir o uso abusivo de espaços publicitários, principalmente em ambientes públicos.

ttp://www.esqueleto.tk/

GIA – Grupo Imersão Ambiental
“Acredite nas suas ações”


“Desenvolva e utilize, também,
outras formas de se relacionar
de forma positiva e criativa com a cidade”.
SEDE: Salvador, Ladeira da Fonte CARACTERÍSTICAS: linguagem artística contemporânea, diversidade, meios, locais, forma de atuação, cidade como suporte. POSTURA: buscar suscitar uma reação nas pessoas, que não apenas a contemplação.

O GIA surgiu nas dependências da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (EBA – UFBA), quando os estudantes que participavam das reuniões informais do Ateliê Livre do Aluno decidiram partir para uma organização mais ativa e criaram o grupo. Apesar de terem realizado juntos uma exposição na EBA, o grupo só viria a se consolidar num encontro estudantil em São Paulo (repensando o Brasil, 2002), quando conheceram PIA – Projeto de Interferência Ambiental, que organiza projetos a nível nacional.
Composto por:Cristiano Píton , Everton Marcco, Ludmila Brito , Luis Parras , Mark Dayves ,Pedro Marighella ,Priscila Lolata,Thiago Ribeiro ,Tininha Llanos.

O GIA criou sua sede - a Casa da Fonte - e realizou o "Salão de m.a.i.o - Manifestações artísticas e intervenções ousadas" que contou com participações do Brasil, Espanha e Chile.
O Salão de Maio de Salvador, idealizado pelo Grupo de Interferência Ambiental (Gia), tem por objetivo incentivar a produção de arte contemporânea que utiliza os centros urbanos como espaço para a manifestação de suas idéias. Tininha Llanos, integrante do Grupo Gia declara que, “o Salão pretende atuar como um “desprogramador” visual da realidade cotidiana”, o evento deve incentivar o uso de meios não convencionais para a propagação da arte. O salão é aberto e qualquer pessoa pode conferir e participar das atividades que são espalhadas pela cidade.
Os trabalhos escolhidos, são normalmente cartazes, placas e lambe-lambes. “Como não há qualquer tipo de patrocínio, o predomínio deste tipo de trabalho está diretamente associado ao baixo custo de produção e a facilidade de transporte”, afirma Llanos. Além disso, como muitos projetos são enviados pelo correio para serem executados pelo Gia e seus colaboradores, este tipo de trabalho, por exigir menos tempo de execução, acaba sendo uma opção mais viável à produção. De todos os projetos encaminhados, somente aqueles que ficam além da capacidade de realização do Gia são excluídos da mostra.
Concebido numa dimensão inclusiva, o evento pretende estabelecer o diálogo entre diversas linguagens, a idéia é formar uma rede cada vez maior.


As propostas do GIA revelam um entendimento da obra de arte como entidade subjetiva, fragmentária, aberta e instável. Suas intervenções questionam a natureza convencional do objeto artístico, encurtam a distância entre arte e cotidiano, e através do absurdo, utilizando-se da provocação e da ironia, corroem o prestígio social e o valor mercadológico da obra de arte tradicional. O artista contemporâneo está entre dois vazios: o espaço público e o da arte atual. O percurso do GIA até aqui é mais uma das tentativas contemporâneas de retomada do espaço público e da arte.

Balões Vermelhos

A ação “Balões Vermelhos” foi criada em 2002 na cidade de Salvador. A idéia surgiu após um balão vermelho entrar pela janela de um apartamento no vigésimo andar de um edifício da cidade, nesta época festejavam-se as figuras de Santa Bárbara e automaticamente Iansã. A cor usada nesta comemoração é a vermelha, onde aparece em roupas, objetos e decorações das casas dos fiéis. Feita a analogia entre a entidade Iansã, que na crença afro americana simboliza as tempestades e a fúria da natureza bem como o domínio do tempo, da natureza. Assim os balões são uma ação no tempo, ela depende do vento para se propagar. Desta forma os pontos vermelhos no céu materializam o caminho do vento, sinalizam sua existência e seu rumo.

As mensagens enviadas nos balões dependem em geral do contexto em que a ação acontece. Como uma mensagem dirigida exclusivamente para o outro sob o efeito do acaso elas atuam, sobretudo, pela surpresa. O ato de esperar o balão cair, atitude lúdica, reforça o sentido de tempestade já que a intenção de enviar mensagens para o passante vem no sentido de despertar a consciência.

Suas ações refletem uma compreensão da arte que se aproxima muito mais da produção de experiências do que da criação de objetos artísticos únicos e acabados. Trata-se, na sua maioria, de trabalhos efêmeros, realizados a partir de materiais simples e baratos, e pautados na elaboração de situações que se infiltram nos espaços da vida e buscam promover um certo estranhamento, encantamento ou indagação por parte do público. É o caso dos panfletos onde a máxima impressa na parte inferior destes é categórica: “Acredite nas suas ações”. E logo após, em letras menores: “Desenvolva e utilize, também, outras formas de se relacionar de forma positiva e criativa com a cidade”. Ora, incitar as pessoas a acreditar nas suas ações é uma proposição extremamente simples, porém de uma potência extraordinária.
Significa convocá-las a agir. E mais: a fazerem-se presentes em seus atos e a levarem a sério aquilo que fazem, confiantes no poder que seus gestos mais simples podem ter. Trata-se de estimular as pessoas a tornarem-se, de fato, sujeitos de suas histórias.

2) ATIVIDADE PRATICA

Intervenção no centro da cidade



Conclusão

A arte à medida que se insere no espaço urbano, expõe-se a fruição da massa, cumpre seu papel, seja questionando, instigando, permitindo sonho, imaginação ou por vezes repudio ou indiferença.

Refletir sobre a arte e sua relação com o ambiente exige algumas definições, muito bem apresentadas por Nelson Brissac Peixoto (2004,p.15):

A função da arte é construir imagens das cidades que sejam novas, que passem a fazer parte da própria paisagem urbana. Quando parecíamos condenados às imagens uniformemente aceleradas e sem espessura, típicas da mídia atual, reinventar a localização e a permanência. Quando a fragmentação e o caos parecem avassaladores, defrontar-se com o desmedido das metrópoles como uma nova experiência das escalas, da distância e do tempo. Através destas paisagens, redescobrir as cidades.


Sendo assim consideremos que a arte pública, urbana, presente em nosso cotidiano, recria o espaço, visual e conceitualmente, a medida que redefine o ambiente viabilizando a análise crítico-reflexiva do individuo que por ali percorre, instigando a uma redefinição individual capaz de tocar a alma a medida que o sensibiliza neste mundo por vezes tão opaco e indiferente.
...é preciso que aquele que vênão seja estranho ao mundo que ele olha. Nelson Brissac Peixoto

As manifestações artísticas nos espaços urbanos tem nos chamado a reacender a chama do encantamento pela vida através da arte, cabe portanto ao observar que, atualmente usufruir o livre crescimento das artes, a linguagem das intervenções como instrumento crítico e investigativo para elaboração de valores e identidades das sociedades que tem se apresentado como alternativa aos circuitos oficiais, capaz de proporcionar o acesso direto e de promover um corpo-a-corpo da obra de arte com o público, independente de mercados consumidores ou de complexas e burocratizantes instituições culturais.

É fundamental, ver na arte a vida, cotidiano, individualidade, mas ao mesmo tempo características gerais de um povo, de uma época, que sente, que pensa, que protesta, que luta e que deixa sua marca de maneira que enquanto houver alienação humana, haverá assim problemáticas para grandes artistas.

Como podemos perceber não há como negar a influência exercida por ambas às partes, Arte x Espaço, não temos como separá-las ou evitar que aconteça esta troca recíproca de signos, símbolos que dialogam muitas vezes voluntariamente sem a previsão do artista.

Desta forma se pode dizer que este estudo procurou aproximar questões básicas da arte contemporânea em sua relação com o meio considerando sempre o ser humano como agente desta organização urbana onde se apresentam possibilidades de reafirmações, conexões, reconfigurações, enfim, tramas comuns as dinâmicas globais dos ambientes urbanos contemporâneos .

ANEXOS ENSINO MÉDIO

INTERVENÇÃO PRESERVE AGORA! (releitura da obra Folhas douradas PORO)





Convites com balões (releitura de Balões Vermelhos do GIA)






Anexos



Trabalhos dos alunos quinta série...






Aulas Do Ensino Fundamental.










Portfólio doas Alunos






Releitura na observação do estágio e Releitura após trabalhar o conseito....



















sexta-feira

Projeto de Estágio Ensino Fundamental e Médio

UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO
DO RIO GRANDE DO SUL
DELAC - DEPARTAMENTO DE ESTUDOS DE LINGUAGEM,
ARTES E COMUNICAÇÃO
CURSO DE ARTES VISUAIS

Fabiana Cozer





Projeto de Estagio Ensino Fundamental e Médio



Projeto de Graduação II

Profª Drª Marlene Ramires François
Profª Lori Frants




Ijuí
2008



1. TÍTULO

Projeto de Estagio no Ensino Fundamental e Ensino Médio

2. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA ESCOLA

Escola: INSTITUTO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO VISCONDE DE TAUNAY.
Endereço: Rua Dr. Pereira Filho, 173
Localidade : IRAÍ - RS.
Telefone: (55) 3745-1254
Turma de aplicação do estágio: 1 ª série Ensino Médio e 5ª série do Ensino Fundamental.
Número de alunos da turma: 22 no EM e 35 no Ensino Fundamental
Acadêmica: Fabiana Cozer


3. REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO

O conceito de arte se modificou ao longo do tempo, por isso o educador tem um papel fundamental dentro da concepção contemporânea de arte-educação. Cabe a ele traduzir saberes em situações didáticas, que consigam despertar nos educandos à vontade de aprender, interpretar e aperfeiçoar-se. Para que estas situações didáticas tenham êxito é necessário planejar, introduzir, animar, coordenar, conduzir a um fechamento. Todas estas ações são guiadas por um conjunto de valores. Quando temos clareza sobre os valores por trás de nossas decisões, podemos direcionar nossos esforços de modo mais produtivo. Por ser a arte uma forma valiosa de expressão, ela torna-se um poderoso instrumento de educação. Através dela, o indivíduo expressa sua criatividade e seus sentimentos. Assim, abre a possibilidade desses serem analisados e trabalhados visando modificá-los. Essa é a tarefa do educador que se utiliza da arte como meio para a realização desse processo.
Por isso, para o contexto atual da educação em Arte, é necessário que o professor tenha uma preparação e preocupação prévia com o que está sendo discutido em sala de aula, pois este também é responsável pela formação de conceitos e representações sobre uma obra artística e sobre a arte em si. Necessitando também de leituras, diálogos e um olhar acolhedor, porém questionador e que possa instigar nos alunos a curiosidade e a compreensão do que é ou não é arte, quando ou como ela acontece.
O território da arte abarca desde as fronteiras históricas até os dias atuais, o contexto cultural, social, político e econômico, em que o erudito e o popular, a cultura de massa, a estética do cotidiano, as novas tecnologias, a arte contemporânea em si, fazem parte das discussões vigentes do Ensino da Arte na contemporaneidade e que não podem ser ignoradas pelo docente.
A inserção da Arte contemporânea no Ensino da Arte repercutiu em muitas contribuições e experiências diversificadas para o professor e para o aluno, além de desafiar e inquietar a própria forma de ver, pensar e trabalhar a própria arte. Essa temática deve ser cada vez mais abordada pela escola, contribuindo para a construção de um repertório mais amplo de imagens e conceitos dos alunos sobre arte, possibilitando ainda a formação de uma postura mais atenta e flexível às diversas manifestações culturais e artísticas do momento. Tendo em vista o que destaca FERREIRA (2001, p. 184),

Numa sociedade pluralista como a nossa, os artistas estão cada vez mais interessados em explorar a percepção e a ação imaginativa do espectador, propondo múltiplas possibilidades de leitura de seus atos e produções (...). Se continuar a ser negligenciada pela escola, a arte contemporânea permanecerá acessível a apenas a um número de pessoas, um grupo privilegiado que se sobrepõe à grande massa de espectadores, impossibilitado de compreender essa tendência artística.

Mudanças exigem um novo paradigma para a construção de novos conceitos que fundamentam a área de conhecimento em Arte. Entre elas inclui-se o de repensar o papel dos educadores de arte no ensino fundamental e médio. Os educadores precisam construir uma atitude pedagógica embasada nos fundamentos teóricos e práticos da educação e da arte.
Compreender que a competência do professor não perpassa só pela sua formação mas se estende em ramificações do conhecimento que o ensino contemporâneo exige. È necessário entendermos a especificidade da arte, os seus conteúdos, as suas linguagens, os materiais utilizados, as propostas, as pesquisas realizadas e as publicações dos artistas para que possamos ampliar o nosso modo de conhecer e apreender a Arte.
Para que o ensino e a aprendizagem possam de fato acontecer, não bastam informações organizadas e fechadas sobre conteúdos a serem desenvolvidos na educação escolar, pois o processo de ensino/aprendizagem só se efetivará se esses conteúdos, trazidos pelos professores, se entrelaçarem com os do aluno, tornando-se consistente e coerente para todos os sujeitos envolvidos nesse processo. RODRIGUES (2005, p. 136) aponta que:
O professor ao desenvolver suas ações pedagógicas, deve aprender a aprender, pois ao ensinar, também se aprende, coloca em debate seu conhecimento.O professor não é onipotente e, sim é mais um aprendiz no processo da educação.
A Proposta Triangular é uma contribuição muito importante para o ensino da arte, desenvolvida após vastas pesquisas e uma adaptação brasileira, pela educadora Ana Mae Barbosa. Voltada sempre para a qualificação do ensino da arte em todos os níveis e para o contato com a arte, a aplicação dos pressupostos dessa abordagem tem evidenciado que a construção de conhecimento se organiza na relação do fazer, da leitura da obra e da contextualização.
Conforme Barbosa, (2002, p.68),

A Proposta Triangular não indica um procedimento dominante ou hierárquico na combinação das várias ações e seus conteúdos. Ao contrario, aponta para o conceito de pertinência na escolha de determinada ação e conteúdos enfatizando, sempre, a coerência entre os objetivos e os métodos.

Trabalhando assim, o educador apresenta livre-arbítrio em relação à escolha dos temas e a ordem dos conteúdos, optando por um currículo flexível. Assim sendo, não é necessário seguir uma ordem cronológica no ensino de historia da arte. É possível aproveitar os recursos disponíveis e ao alcance de cada um, estabelecendo relações com o passado e o presente por meio da história da arte.
Segundo Barbosa, (2002, p.70):

A Proposta Triangular permite uma interação dinâmica e multidimensional, entre as partes e o todo e vice-versa, do contexto do ensino da Arte, ou seja, entre as disciplinas básicas da área, entre as outras disciplinas, no inter-relacionamento das três ações básicas: ler, fazer e contextualizar e no inter- relacionamento das outras três ações decorrentes: decodificar/codificar, experimentar, informar e refletir.

Os objetivos podem ser os mesmos, porém o que vai mudar e a visão de mundo e a tática para conseguir os mesmos. Pois, só fazer arte não basta, é necessário saber apreciar, saber ler e estabelecer relações.
Não podemos, contudo, pensar que não existem diferenças entre os diversos agentes envolvidos no processo pedagógico, pois o professor tem suas funções e os educandos as suas, mas ambos podem aprender ensinando e ensinar aprendendo.
O professor é mediador e também aprendiz. Precisamos atuar como educadores/mediadores, buscando uma mediação e uma intervenção que mobilizem pesquisas, assimilações, transformações, ampliações sensíveis e cognitivas, tanto individuais quanto coletivas. Segundo FERREIRA (2001, p.185):

Para que possa desempenhar com segurança o papel de mediador entre o universo cultural do aluno e o universo dos saberes históricos e culturais sistematizados, o educador do ensino fundamental e médio não necessita transformar-se em exímio “conhecedor” de arte. Precisa apenas tomar gosto pela pesquisa e investir na busca de informações e conceitos [...] sobre o tema, a obra ou o artista em estudo. E sempre que preciso, tenha como recorrer a outros campos do conhecimento, como os da história, da estética, da teologia, da filosofia, para que se possa servir de argumentos suficientes para esclarecer as dúvidas dos alunos e conduzi-los no processo de produção de sentidos para as obras.

Sendo assim gostar de arte e tomar gosto pela pesquisa, na busca de informações, é uma premissa básica quando se fala em ensino da Arte. O significado da arte na educação e na socialização da criança e do jovem está em desempenhar o importante papel de mediadora do diálogo entre o sujeito e sua realidade, facilitando a tradução da experiência de vida em conceitos significativos. É, também através desse processo que todo o ser humano desenvolve o pensamento, a percepção e a emoção.
O educador tem uma função muito importante nesse processo, pois as práticas pedagógicas devem permitir aos alunos não somente acessarem o conhecimento, mas também transformá-los e inová-los. O educador tem a função de mediador, no entanto implica também ter apropriado esse conhecimento. Portanto segundo FREIRE, apud RODRIGUES, (2005, p. 19) devemos pensar:

Num novo professor, mediador do conhecimento, sensível e crítico, aprendiz permanente e organizador do trabalho na escola, um orientador, um cooperador, curioso e, sobretudo um construtor de sentido. Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção.


Podemos assim entender que não mais cabe uma educação na qual somente se pensa em uma onipotência do educador e da escola, mas é preciso estar colocando em questão as práticas pedagógicas desenvolvidas por estes agentes da educação. Sendo assim, tratar a Arte como área de conhecimento é uma condição indispensável para se ensinar arte, articulando campos conceituais como: criação/ produção; percepção/análise; o conhecimento da arte amplia a leitura e a compreensão da cultura, conhecimento construído pelo seu entrelaçamento.
Ferraz e Fusari comentam o compromisso de saber arte e saber ser professor de arte. De acordo com as pesquisadoras citadas, ser professor de arte é atuar por meio de uma pedagogia que aproxime os aprendizes da arte do acervo cultural e artístico da humanidade. Elas acreditam que o professor de arte é um dos responsáveis pelo sucesso desse processo transformador, porque ajuda os alunos a melhorar sua sensibilidade, saberes práticos e teóricos em arte.
Ser professor na contemporaneidade é ser um pesquisador e desbravador. Além do domínio da própria linguagem artística com a qual trabalha, precisa conhecer sobre a educação multicultural presente na escola, a diversidade da educação inclusiva, as diferenças sociais, pois a educação de hoje está ancorada nas diferenças e nas diversidades. Para FERREIRA (2001, p. 16):
É necessário entender que as culturas não são apenas produtos, mas também instituintes da esfera sociocultural; que as sensibilidades artísticas são historicamente construídas e próprias de cada grupo cultural; que as artes são expressões de identidades e culturas e sua compreensão requer conhecimento dos parâmetros que as regem e que transcedem o gosto pessoal (que também é histórica e socialmente construído).

Buscar um ensino voltado para as linguagens artísticas, em suas variadas interações, como naquelas oriundas da história que se constrói a cada dia, do meio ambiente, dos avanços tecnológicos, enfim, do cotidiano, pois tudo isso faz parte do mundo contemporâneo.
Partindo-se do pressuposto de que ao aprender o aluno aborda a realidade, ampliando sua leitura do real, analisando-a cognitiva e sensivelmente, como conseqüência pode ser gerada uma transformação, que integre o pensar e o fazer. O aluno, ao aguçar sua sensibilidade para explorar e elucidar os “mundos” do ver, do conhecer e do sentir, desenvolve-se pessoalmente, contribuindo de forma criadora para se situar nas relações culturais, sociais e cotidianas.
A Arte cumpre importante papel em nossa vida. Se até o século XIX a arte servia para ser apreciada; hoje ela é para ser lida e vivida. Os signos da arte contemporânea universais e fragmentários, podem nos levar à análise e à síntese, à descoberta de novas possibilidades de ação, a reconhecer o outro como ser sensível, à volta da emoção como emergência natural de expressão. Mais ainda, perceber as diferenças das manifestações artísticas, saber interpretar significados – a arte do “outro” reflete sua cultura, seu tempo.


4. TEMÁTICA

Arte na Escola
Abordar algumas manifestações artísticas bem como as ações contemporâneas e suas implicações na educação cultural dos alunos.

5. OBJETIVOS

Geral:

O referido projeto tem por objetivo discutir o ensino das artes visuais na escola, com enfase na arte contemporânea.

Específicos:

· Resgatar o histórico das principais manifestações artísticas;
· Proporcionar reflexões sobre as influências das vanguardas artísticas que possibilitem um melhor entendimento da arte contemporânea no contexto atual;
· Identificar alguns aspectos do legado artístico cultural pertencente ao espaço urbano;
· Reconhecer a representação do tempo e do espaço através de manifestações artísticas em suportes não convencionais;
· Refletir sobre as intervenções e interferências no ambiente urbano através da observação e leitura de imagens de artistas contemporâneos.


6. JUSTIFICATIVA

O presente projeto será realizado com o intuito de aprofundar estudos sobre arte, os reflexões sobre os períodos do pontilhismo e expressionismo bem como um estudo das cores com a 5ª série do ensino fundamental e arte comtemporânea na 1ª Série do ensino médio, proporcionando uma reflexão sobre as influencias das vanguardas artisticas e conhecer as principais manifestações artísticas contemporâneas bem como as ações do grupo ESQUELETO COLETIVO, GIA e PORO.
O ensino de arte tem várias funções, entre elas o fazer artístico, a história da arte e a apreciação ou fruição artística a arte-educação propõem todos estes aspectos, tendo em vista uma concepção mais consistente e ampla do educando. Segundo, (BARBOSA, 2003, p.18) deixa evidente o potencial da arte como área de conhecimento ao descrever:

Por meio da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada.

Os artistas contemporâneos, como em toda a história, mostram através de sua arte o pensamento de determinada época, a sociedade em que estão vivendo, as questões políticas, religiosas, econômicas e sociais que os envolvem.
A arte contemporânea que permeia nossa realidade, se mescla cada vez mais na dinâmica da vida cotidiana, a tal ponto de se apropriar de referências banais e próximas de nosso contexto, causando estranhamento para um público que se depara com o objeto artístico dentro ou fora dos museus. Segundo FREITAS (2003, p.31) “O novo na arte, aponta para aquilo que não foi ainda ocupado pela cultura, o não-digerido, não-domesticado pela concepção cotidiana”.
A escolha dos temas deu-se ao fato de querermos ampliar o repertório dos alunos sobre arte bem como a arte contemporânea, possibilitando ainda a formação de uma postura mais atenta e flexível às diversas manifestações culturais e artísticas do momento. No instante em que a compreensão e significação da produção artística acontecerem, os alunos poderão rever seus conceitos iniciais, entender, reconhecer e respeitar a Arte Contemporânea como arte.
Sendo assim, arte constitui-se numa linguagem visual que comunica, questiona valores e nos inquieta, além de estar acontecendo perante nossos olhos e não podemos negar suas manifestações. Muito embora os alunos da escola afirmem não entenderem o que a arte atual propõe, é papel nosso, como educadores trabalhar esses conhecimentos fomentando um pensamento crítico e reflexivo.


METODOLOGIA


Uma proposta metodológica que vai ser utilizada neste projeto será a metodologia triangular proposta pela arte-educadora Ana Mãe Barbosa, fundamentada em propostas de ensino que incluem as disciplinas de história da arte, crítica, estética e produção artística, que sustentam os 3 eixos da metodologia triangular: fazer artístico (produção de atividades artísticas), Apreciar, leitura da obra de arte (crítica e estética, leitura de produções artísticas), contextualização (Desenvolvimento de idéias sobre produções artísticas). Segundo Barbosa, (2003,p.70):
A Proposta Triangular permite uma interação dinâmica e multidimensional, entre as partes e o todo e vice-versa, do contexto do ensino da Arte, ou seja entre as disciplinas básicas da área, entre as outras disciplinas, no interrelacionamento das três ações básicas: ler, fazer e contextualizar e no inter-relacionamento das outras três ações decorrentes: decodificar/codificar, experimentar, informar e refletir.

O fazer artístico deve basear-se no desenvolvimento da criatividade do educando, dando plena vazão à sua expressividade na mais diversas linguagens. Deve enfatizar o exercício da percepção, da fantasia e da imaginação criadora.
O apreciar é desenvolvido através de exercícios de observação da própria produção, da leitura de obras, na troca de experiências, nas discussões sobre arte, dos meios de comunicação e do mundo social em que a pessoa está inserida. A apreciação estética deve desenvolver o senso crítico do aluno.
O contextualizar a história da arte deve ser um processo contínuo que focaliza, em dado momento histórico o registro do sentimento estético e da visão do artista diante dos acontecimentos que o envolvem ou envolveram. Conhecendo a história da arte, o aluno poderá estabelecer relações mais profundas com a produção, possibilitando intervir e reinventar a sua obra. O aluno deverá relacionar-se com a arte de diversas épocas e estilos, conhecendo os diferentes elementos que entraram na sua composição, construindo um conhecimento teórico-prático sobre o assunto.
Os alunos em artes visuais, devem aprender conteúdos relacionados ao fazer, ao apreciar e ao refletir sobre a arte e sua história baseados na Concepção Triangular de ensino de arte.
Essa triangulação, de natureza transdisciplinar, é coerente com uma visão dos domínios dos saberes: Saber “saberes” (fatos, conceitos e princípios), Saber “fazeres” (procedimentos), Saber “ser” e saber “ser no convívio com os outros” (valores, atitudes, sensibilidade).
Nesta perspectiva podem ser usadas as seguintes metodologias de ensino de arte:
Multipropósito, Multiculturalista, Proposta do Arte Br, Projetos de trabalho;
Portanto, a organização dos conteúdos trabalhados em sala de aula deve, ainda, ter sentido para o aluno. Deve também respeitar os conteúdos universais, provocando o aluno a construir uma identidade cultural conectada com as outras culturas e permitindo-lhe fazer conexões entre o particular e o universal.
O conhecimento em arte pode ser articulado com outros conhecimentos (interdisciplinaridade) por meio de trabalho conjunto dos educadores da escola.
O ensino de arte propicia o trabalho com temas transversais, transmitindo e reforçando conceitos como respeito, participação social, inclusão, etc. Muitas obras de arte carregam mensagens com conteúdos dos temas transversais; é o caso de obras de cunho político ou representativas de determinadas culturas. Além disso, o artista pode, com sua obra, ser um questionador da sociedade em que vive.



AVALIAÇÃO


A avaliação terá como objetivo promover o desenvolvimento cultural do aluno através da reflexão e construção de um cidadão, considerando apresentações diversas, exercícios, trabalhos, atividades em sala de aula, interesse e participação. E será realizada durante a própria situação de aprendizagem quando o aluno interage com os conteúdos e transforma em conhecimentos.
Para avaliar o processo de ensino e aprendizagem em arte, é muito importante considerar, no trabalho dos alunos, os seguintes aspectos: organização dos conteúdos, a reelaboração do conhecimento adquirido, os elementos de expressão, a estética, a ampliação dos sentidos e da percepção na resolução de uma proposta de leitura, a representação artística e a capacidade criadora.
Contudo, a utilização do portfólio como recurso de avaliação baseia-se na idéia da natureza evolutiva do processo de aprendizagem.
Conforme HERNANDES (2000 p. 165):

(...) o portfólio oferece aos alunos e aos professores uma oportunidade para refletir sobre o processo dos estudantes em sua compreensão da realidade, ao mesmo tempo que possibilita introduzir mudanças durante o desenvolvimento do programa de ensino. Além disso, permite aos professores considerarem o trabalho dos alunos não de uma forma pontual e isolada, como acontece com as provas avaliadoras tradicionais, mas sim no contexto do ensino e como uma atividade complexa baseada em elementos e momentos de aprendizagem que se encontram relacionados.(...)

Sendo assim, a realização do portfolio permite que os alunos sintam a aprendizagem como algo propri, pois cada um decide que trabalho e momentos são representativos de sua tragetória.
A avaliação deve ser entendida como uma atividade dinâmica e sistemática, que permeia e subsidia a prática pedagógica, através de instrumentos práticos, que possam dar um redimensionamento e redirecionamento para novos procedimentos no ensino de Artes Visuais, com o objetivo de o aluno desenvolver integralmente os conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais.
A avaliação é um instrumento importante no processo de ensino-aprendizagem, não é uma etapa do processo: é algo contínuo que deve acompanhar todo o processo e não só a produção final.
A avaliação por portfólio, pode se definida como um reflexo no processo de ensino aprendizagem que contem diferentes tipos de documento ( anotações pessoais, experiencias de aula, conexões com outros temas fora da escola, representações visuais enter outros) que proporciona evidencias do conhecimento que foram sendo excluídas, as estratégias utilizadas para aprender e a disposição de quem o elabora para continuar aprendendo.
Na avaliação de arte é preciso ser coerente, não emitindo valores de feio, bonito ou comparar os trabalhos dos alunos valorizando em demasia uns e desvalorizando outros. É preciso avaliar os objetivos do trabalho se foram alcançados ou não, se o aluno demonstra estar construindo conhecimento.
Neste sentido, o método de avaliação que vamo utilizar será através de portfólio, que consiste em realizar o registro diário das atividades dos alunos em uma espécie de “dossier” onde vamos arquivar todo o material produzido pelo aluno durante o estagio.
Segundo HERNANDES (2000 p. 166):

Nesse sentido, um Portfólio é algo mais que uma recompilação de trabalhos ou materiais colocados numa pasta, ou os apontamentos e notas tomadas em sala de aula passadas a limpo, ou uma coleção de lembretes de aula colocados num álbum. Um Portfólio não significa apenas selecionar, ordenar evidencias de aprendizagem e colocá-las num formato para serem apresentadas.

Portanto, na avaliação por Portfólio é possível identificar questões relacionadas ao modo como os estudantes e os educadores refletem sobre quais os reais objetos de sua aprendizagem, quais foram cumpridos e quais não foram alcançados, onde, quando e por que houve em enfoque inadequado, tanto em relação ao esforço quanto às estratégias de aprendizagem de cada estudante, e aponta a direção para a qual será mais promissor a projeção de um enfoque futuro. Vale lembrar que definitivamente caracteriza o Portfólio como modalidade de avaliação não é tanto seu formato físico ( pasta, caixa, CD-ROM...) mas sim a concepção de ensino e de aprendizagem que veicula.


BIBLIOGRAFIA


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Sites:
http://www.giabahia.blogspot.com/