1.ARTE CONTEMPORÂNEA
A arte contemporânea, alusão à arte produzida depois da II Guerra Mundial, é caracterizada por apresentar uma ampla disposição para a experimentação, levando os artistas a realizarem uma verdadeira fusão de linguagens, materiais e tecnologias.
Segundo alguns autores como Archer (2001), Cauquelin (2005) e Millet (1997), os artistas procuram questionar os suportes, os materiais, os espaços, gerando conflitos e polêmicas.
Em 1917, Marcel Duchamp enviou para o Salão da Associação de Artistas Independentes um urinol de louça, utilizado em sanitários masculinos, com um título sugestivo de “Fonte”. Não era o primeiro readymade (apropriação e deslocamento de objetos pré-fabricados para o meio de arte), em 1913, Duchamp já havia se utilizado de um banco de cozinha onde parafusou no assento uma roda de bicicleta. Mas foi o primeiro enviado para uma exposição.
1.1 A ARTE CONTEMPORÂNEA NO ESPAÇO URBANO
A arte contemporânea tem cada vez mais estabelecido relações com o espaço urbano, favorecendo relações estéticas e éticas numa sociedade cada vez mais complexa, conforme Pallamin (2.000, p.41) “esta abordagem sobre a valorização de práticas cotidianas é fundamental para a arte urbana, uma vez que aquelas podem se mostrar através desta, modificando os espaços públicos com apropriações inusitadas e, com isto, alterando sua carga simbólica.”
Tendências como intervenções e interferências urbanas, obras que na medida que se impõem no cotidiano convidam para um diálogo com o público comum, considerando as inúmeras possibilidades desde o encantamento a estranheza do espectador que se coloca em contato voluntária ou involuntariamente com a produção artística inserida no espaço urbano. A seguir veremos alguns grupos que vem trabalhando sob estas expectativas.
Poro – Intervenções urbanas e ações efêmeras
De Belo Horizonte. Formado pela dupla Brígida Campbell e Marcelo Terça-Nada!, Atua desde 2002 tendo como focos principais o espaço público, as manifestações efêmeras e as mídias de comunicação de massa.Com a tentativa de problematizar através de ações poéticas a relação das pessoas com a arte, a relação delas com a cidade e a relação da arte com a vida. O público alvo preferido o espaço público. Na tentativa de problematizar através de ações poéticas a relação das pessoas com a arte, a relação delas com a cidade e a relação da arte com a vida. Realizam trabalhos incorporando as poéticas pessoais dos seus membros.
poro@redezero.org
1) ATIVIDADEDividir a turma em 3 equipes.Um representante da equipe receberá a indicação de um espaço.Cada equipe deverá interferir no espaço indicado ao grupo da forma mais radical possível utilizando um mínimo de recursos.
Esqueleto Coletivo
Ativo desde 2002
Origem: São Paulo – SP
Eduardo Verderame + Luciana Costa + Mariana Cavalcante + Thereza Salazar + Rodrigo Barbosa Esqueleto Coletivo é uma associação de artistas e produtores empenhados em ampliar as fronteiras da arte no cotidiano, trabalhando conjuntamente com outros artistas e grupos. O Esqueleto vem desenvolvendo a produção de eventos de arte e exposições, performance e dança, música e vídeo, além de promover parcerias na área cultural.
“ Não ignore, tampouco seja ignorado, cole esta na testa de alguém, mande uma foto para o e-mail dos esqueletos.”
O grupo de artistas paulistas, Esqueleto Coletivo, empenhados em ampliar as fronteiras da arte no cotidiano, apresentam propostas contemporâneas de arte que relacionam-se diretamente com este novo espaço e que questionam, entre outros temas justamente este exagero, esta imposição de imagens a que somos obrigados a digerir diariamente.
À medida que a arte ocupa estes espaços que são roubados ou negados aos artistas, permite também alertar a sociedade, questionar e discutir o uso abusivo de espaços publicitários, principalmente em ambientes públicos.
ttp://www.esqueleto.tk/
GIA – Grupo Imersão Ambiental
“Acredite nas suas ações”
“Desenvolva e utilize, também,
outras formas de se relacionar
de forma positiva e criativa com a cidade”.
SEDE: Salvador, Ladeira da Fonte CARACTERÍSTICAS: linguagem artística contemporânea, diversidade, meios, locais, forma de atuação, cidade como suporte. POSTURA: buscar suscitar uma reação nas pessoas, que não apenas a contemplação.
O GIA surgiu nas dependências da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (EBA – UFBA), quando os estudantes que participavam das reuniões informais do Ateliê Livre do Aluno decidiram partir para uma organização mais ativa e criaram o grupo. Apesar de terem realizado juntos uma exposição na EBA, o grupo só viria a se consolidar num encontro estudantil em São Paulo (repensando o Brasil, 2002), quando conheceram PIA – Projeto de Interferência Ambiental, que organiza projetos a nível nacional.
Composto por:Cristiano Píton , Everton Marcco, Ludmila Brito , Luis Parras , Mark Dayves ,Pedro Marighella ,Priscila Lolata,Thiago Ribeiro ,Tininha Llanos.
O GIA criou sua sede - a Casa da Fonte - e realizou o "Salão de m.a.i.o - Manifestações artísticas e intervenções ousadas" que contou com participações do Brasil, Espanha e Chile.
O Salão de Maio de Salvador, idealizado pelo Grupo de Interferência Ambiental (Gia), tem por objetivo incentivar a produção de arte contemporânea que utiliza os centros urbanos como espaço para a manifestação de suas idéias. Tininha Llanos, integrante do Grupo Gia declara que, “o Salão pretende atuar como um “desprogramador” visual da realidade cotidiana”, o evento deve incentivar o uso de meios não convencionais para a propagação da arte. O salão é aberto e qualquer pessoa pode conferir e participar das atividades que são espalhadas pela cidade.
Os trabalhos escolhidos, são normalmente cartazes, placas e lambe-lambes. “Como não há qualquer tipo de patrocínio, o predomínio deste tipo de trabalho está diretamente associado ao baixo custo de produção e a facilidade de transporte”, afirma Llanos. Além disso, como muitos projetos são enviados pelo correio para serem executados pelo Gia e seus colaboradores, este tipo de trabalho, por exigir menos tempo de execução, acaba sendo uma opção mais viável à produção. De todos os projetos encaminhados, somente aqueles que ficam além da capacidade de realização do Gia são excluídos da mostra.
Concebido numa dimensão inclusiva, o evento pretende estabelecer o diálogo entre diversas linguagens, a idéia é formar uma rede cada vez maior.
As propostas do GIA revelam um entendimento da obra de arte como entidade subjetiva, fragmentária, aberta e instável. Suas intervenções questionam a natureza convencional do objeto artístico, encurtam a distância entre arte e cotidiano, e através do absurdo, utilizando-se da provocação e da ironia, corroem o prestígio social e o valor mercadológico da obra de arte tradicional. O artista contemporâneo está entre dois vazios: o espaço público e o da arte atual. O percurso do GIA até aqui é mais uma das tentativas contemporâneas de retomada do espaço público e da arte.
Balões Vermelhos
A ação “Balões Vermelhos” foi criada em 2002 na cidade de Salvador. A idéia surgiu após um balão vermelho entrar pela janela de um apartamento no vigésimo andar de um edifício da cidade, nesta época festejavam-se as figuras de Santa Bárbara e automaticamente Iansã. A cor usada nesta comemoração é a vermelha, onde aparece em roupas, objetos e decorações das casas dos fiéis. Feita a analogia entre a entidade Iansã, que na crença afro americana simboliza as tempestades e a fúria da natureza bem como o domínio do tempo, da natureza. Assim os balões são uma ação no tempo, ela depende do vento para se propagar. Desta forma os pontos vermelhos no céu materializam o caminho do vento, sinalizam sua existência e seu rumo.
As mensagens enviadas nos balões dependem em geral do contexto em que a ação acontece. Como uma mensagem dirigida exclusivamente para o outro sob o efeito do acaso elas atuam, sobretudo, pela surpresa. O ato de esperar o balão cair, atitude lúdica, reforça o sentido de tempestade já que a intenção de enviar mensagens para o passante vem no sentido de despertar a consciência.
Suas ações refletem uma compreensão da arte que se aproxima muito mais da produção de experiências do que da criação de objetos artísticos únicos e acabados. Trata-se, na sua maioria, de trabalhos efêmeros, realizados a partir de materiais simples e baratos, e pautados na elaboração de situações que se infiltram nos espaços da vida e buscam promover um certo estranhamento, encantamento ou indagação por parte do público. É o caso dos panfletos onde a máxima impressa na parte inferior destes é categórica: “Acredite nas suas ações”. E logo após, em letras menores: “Desenvolva e utilize, também, outras formas de se relacionar de forma positiva e criativa com a cidade”. Ora, incitar as pessoas a acreditar nas suas ações é uma proposição extremamente simples, porém de uma potência extraordinária.
Significa convocá-las a agir. E mais: a fazerem-se presentes em seus atos e a levarem a sério aquilo que fazem, confiantes no poder que seus gestos mais simples podem ter. Trata-se de estimular as pessoas a tornarem-se, de fato, sujeitos de suas histórias.
2) ATIVIDADE PRATICA
Intervenção no centro da cidade
Conclusão
A arte à medida que se insere no espaço urbano, expõe-se a fruição da massa, cumpre seu papel, seja questionando, instigando, permitindo sonho, imaginação ou por vezes repudio ou indiferença.
Refletir sobre a arte e sua relação com o ambiente exige algumas definições, muito bem apresentadas por Nelson Brissac Peixoto (2004,p.15):
A função da arte é construir imagens das cidades que sejam novas, que passem a fazer parte da própria paisagem urbana. Quando parecíamos condenados às imagens uniformemente aceleradas e sem espessura, típicas da mídia atual, reinventar a localização e a permanência. Quando a fragmentação e o caos parecem avassaladores, defrontar-se com o desmedido das metrópoles como uma nova experiência das escalas, da distância e do tempo. Através destas paisagens, redescobrir as cidades.
Sendo assim consideremos que a arte pública, urbana, presente em nosso cotidiano, recria o espaço, visual e conceitualmente, a medida que redefine o ambiente viabilizando a análise crítico-reflexiva do individuo que por ali percorre, instigando a uma redefinição individual capaz de tocar a alma a medida que o sensibiliza neste mundo por vezes tão opaco e indiferente.
...é preciso que aquele que vênão seja estranho ao mundo que ele olha. Nelson Brissac Peixoto
As manifestações artísticas nos espaços urbanos tem nos chamado a reacender a chama do encantamento pela vida através da arte, cabe portanto ao observar que, atualmente usufruir o livre crescimento das artes, a linguagem das intervenções como instrumento crítico e investigativo para elaboração de valores e identidades das sociedades que tem se apresentado como alternativa aos circuitos oficiais, capaz de proporcionar o acesso direto e de promover um corpo-a-corpo da obra de arte com o público, independente de mercados consumidores ou de complexas e burocratizantes instituições culturais.
É fundamental, ver na arte a vida, cotidiano, individualidade, mas ao mesmo tempo características gerais de um povo, de uma época, que sente, que pensa, que protesta, que luta e que deixa sua marca de maneira que enquanto houver alienação humana, haverá assim problemáticas para grandes artistas.
Como podemos perceber não há como negar a influência exercida por ambas às partes, Arte x Espaço, não temos como separá-las ou evitar que aconteça esta troca recíproca de signos, símbolos que dialogam muitas vezes voluntariamente sem a previsão do artista.
Desta forma se pode dizer que este estudo procurou aproximar questões básicas da arte contemporânea em sua relação com o meio considerando sempre o ser humano como agente desta organização urbana onde se apresentam possibilidades de reafirmações, conexões, reconfigurações, enfim, tramas comuns as dinâmicas globais dos ambientes urbanos contemporâneos .
A arte contemporânea, alusão à arte produzida depois da II Guerra Mundial, é caracterizada por apresentar uma ampla disposição para a experimentação, levando os artistas a realizarem uma verdadeira fusão de linguagens, materiais e tecnologias.
Segundo alguns autores como Archer (2001), Cauquelin (2005) e Millet (1997), os artistas procuram questionar os suportes, os materiais, os espaços, gerando conflitos e polêmicas.
Em 1917, Marcel Duchamp enviou para o Salão da Associação de Artistas Independentes um urinol de louça, utilizado em sanitários masculinos, com um título sugestivo de “Fonte”. Não era o primeiro readymade (apropriação e deslocamento de objetos pré-fabricados para o meio de arte), em 1913, Duchamp já havia se utilizado de um banco de cozinha onde parafusou no assento uma roda de bicicleta. Mas foi o primeiro enviado para uma exposição.
1.1 A ARTE CONTEMPORÂNEA NO ESPAÇO URBANO
A arte contemporânea tem cada vez mais estabelecido relações com o espaço urbano, favorecendo relações estéticas e éticas numa sociedade cada vez mais complexa, conforme Pallamin (2.000, p.41) “esta abordagem sobre a valorização de práticas cotidianas é fundamental para a arte urbana, uma vez que aquelas podem se mostrar através desta, modificando os espaços públicos com apropriações inusitadas e, com isto, alterando sua carga simbólica.”
Tendências como intervenções e interferências urbanas, obras que na medida que se impõem no cotidiano convidam para um diálogo com o público comum, considerando as inúmeras possibilidades desde o encantamento a estranheza do espectador que se coloca em contato voluntária ou involuntariamente com a produção artística inserida no espaço urbano. A seguir veremos alguns grupos que vem trabalhando sob estas expectativas.
Poro – Intervenções urbanas e ações efêmeras
De Belo Horizonte. Formado pela dupla Brígida Campbell e Marcelo Terça-Nada!, Atua desde 2002 tendo como focos principais o espaço público, as manifestações efêmeras e as mídias de comunicação de massa.Com a tentativa de problematizar através de ações poéticas a relação das pessoas com a arte, a relação delas com a cidade e a relação da arte com a vida. O público alvo preferido o espaço público. Na tentativa de problematizar através de ações poéticas a relação das pessoas com a arte, a relação delas com a cidade e a relação da arte com a vida. Realizam trabalhos incorporando as poéticas pessoais dos seus membros.
poro@redezero.org
1) ATIVIDADEDividir a turma em 3 equipes.Um representante da equipe receberá a indicação de um espaço.Cada equipe deverá interferir no espaço indicado ao grupo da forma mais radical possível utilizando um mínimo de recursos.
Esqueleto Coletivo
Ativo desde 2002
Origem: São Paulo – SP
Eduardo Verderame + Luciana Costa + Mariana Cavalcante + Thereza Salazar + Rodrigo Barbosa Esqueleto Coletivo é uma associação de artistas e produtores empenhados em ampliar as fronteiras da arte no cotidiano, trabalhando conjuntamente com outros artistas e grupos. O Esqueleto vem desenvolvendo a produção de eventos de arte e exposições, performance e dança, música e vídeo, além de promover parcerias na área cultural.
“ Não ignore, tampouco seja ignorado, cole esta na testa de alguém, mande uma foto para o e-mail dos esqueletos.”
O grupo de artistas paulistas, Esqueleto Coletivo, empenhados em ampliar as fronteiras da arte no cotidiano, apresentam propostas contemporâneas de arte que relacionam-se diretamente com este novo espaço e que questionam, entre outros temas justamente este exagero, esta imposição de imagens a que somos obrigados a digerir diariamente.
À medida que a arte ocupa estes espaços que são roubados ou negados aos artistas, permite também alertar a sociedade, questionar e discutir o uso abusivo de espaços publicitários, principalmente em ambientes públicos.
ttp://www.esqueleto.tk/
GIA – Grupo Imersão Ambiental
“Acredite nas suas ações”
“Desenvolva e utilize, também,
outras formas de se relacionar
de forma positiva e criativa com a cidade”.
SEDE: Salvador, Ladeira da Fonte CARACTERÍSTICAS: linguagem artística contemporânea, diversidade, meios, locais, forma de atuação, cidade como suporte. POSTURA: buscar suscitar uma reação nas pessoas, que não apenas a contemplação.
O GIA surgiu nas dependências da Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia (EBA – UFBA), quando os estudantes que participavam das reuniões informais do Ateliê Livre do Aluno decidiram partir para uma organização mais ativa e criaram o grupo. Apesar de terem realizado juntos uma exposição na EBA, o grupo só viria a se consolidar num encontro estudantil em São Paulo (repensando o Brasil, 2002), quando conheceram PIA – Projeto de Interferência Ambiental, que organiza projetos a nível nacional.
Composto por:Cristiano Píton , Everton Marcco, Ludmila Brito , Luis Parras , Mark Dayves ,Pedro Marighella ,Priscila Lolata,Thiago Ribeiro ,Tininha Llanos.
O GIA criou sua sede - a Casa da Fonte - e realizou o "Salão de m.a.i.o - Manifestações artísticas e intervenções ousadas" que contou com participações do Brasil, Espanha e Chile.
O Salão de Maio de Salvador, idealizado pelo Grupo de Interferência Ambiental (Gia), tem por objetivo incentivar a produção de arte contemporânea que utiliza os centros urbanos como espaço para a manifestação de suas idéias. Tininha Llanos, integrante do Grupo Gia declara que, “o Salão pretende atuar como um “desprogramador” visual da realidade cotidiana”, o evento deve incentivar o uso de meios não convencionais para a propagação da arte. O salão é aberto e qualquer pessoa pode conferir e participar das atividades que são espalhadas pela cidade.
Os trabalhos escolhidos, são normalmente cartazes, placas e lambe-lambes. “Como não há qualquer tipo de patrocínio, o predomínio deste tipo de trabalho está diretamente associado ao baixo custo de produção e a facilidade de transporte”, afirma Llanos. Além disso, como muitos projetos são enviados pelo correio para serem executados pelo Gia e seus colaboradores, este tipo de trabalho, por exigir menos tempo de execução, acaba sendo uma opção mais viável à produção. De todos os projetos encaminhados, somente aqueles que ficam além da capacidade de realização do Gia são excluídos da mostra.
Concebido numa dimensão inclusiva, o evento pretende estabelecer o diálogo entre diversas linguagens, a idéia é formar uma rede cada vez maior.
As propostas do GIA revelam um entendimento da obra de arte como entidade subjetiva, fragmentária, aberta e instável. Suas intervenções questionam a natureza convencional do objeto artístico, encurtam a distância entre arte e cotidiano, e através do absurdo, utilizando-se da provocação e da ironia, corroem o prestígio social e o valor mercadológico da obra de arte tradicional. O artista contemporâneo está entre dois vazios: o espaço público e o da arte atual. O percurso do GIA até aqui é mais uma das tentativas contemporâneas de retomada do espaço público e da arte.
Balões Vermelhos
A ação “Balões Vermelhos” foi criada em 2002 na cidade de Salvador. A idéia surgiu após um balão vermelho entrar pela janela de um apartamento no vigésimo andar de um edifício da cidade, nesta época festejavam-se as figuras de Santa Bárbara e automaticamente Iansã. A cor usada nesta comemoração é a vermelha, onde aparece em roupas, objetos e decorações das casas dos fiéis. Feita a analogia entre a entidade Iansã, que na crença afro americana simboliza as tempestades e a fúria da natureza bem como o domínio do tempo, da natureza. Assim os balões são uma ação no tempo, ela depende do vento para se propagar. Desta forma os pontos vermelhos no céu materializam o caminho do vento, sinalizam sua existência e seu rumo.
As mensagens enviadas nos balões dependem em geral do contexto em que a ação acontece. Como uma mensagem dirigida exclusivamente para o outro sob o efeito do acaso elas atuam, sobretudo, pela surpresa. O ato de esperar o balão cair, atitude lúdica, reforça o sentido de tempestade já que a intenção de enviar mensagens para o passante vem no sentido de despertar a consciência.
Suas ações refletem uma compreensão da arte que se aproxima muito mais da produção de experiências do que da criação de objetos artísticos únicos e acabados. Trata-se, na sua maioria, de trabalhos efêmeros, realizados a partir de materiais simples e baratos, e pautados na elaboração de situações que se infiltram nos espaços da vida e buscam promover um certo estranhamento, encantamento ou indagação por parte do público. É o caso dos panfletos onde a máxima impressa na parte inferior destes é categórica: “Acredite nas suas ações”. E logo após, em letras menores: “Desenvolva e utilize, também, outras formas de se relacionar de forma positiva e criativa com a cidade”. Ora, incitar as pessoas a acreditar nas suas ações é uma proposição extremamente simples, porém de uma potência extraordinária.
Significa convocá-las a agir. E mais: a fazerem-se presentes em seus atos e a levarem a sério aquilo que fazem, confiantes no poder que seus gestos mais simples podem ter. Trata-se de estimular as pessoas a tornarem-se, de fato, sujeitos de suas histórias.
2) ATIVIDADE PRATICA
Intervenção no centro da cidade
Conclusão
A arte à medida que se insere no espaço urbano, expõe-se a fruição da massa, cumpre seu papel, seja questionando, instigando, permitindo sonho, imaginação ou por vezes repudio ou indiferença.
Refletir sobre a arte e sua relação com o ambiente exige algumas definições, muito bem apresentadas por Nelson Brissac Peixoto (2004,p.15):
A função da arte é construir imagens das cidades que sejam novas, que passem a fazer parte da própria paisagem urbana. Quando parecíamos condenados às imagens uniformemente aceleradas e sem espessura, típicas da mídia atual, reinventar a localização e a permanência. Quando a fragmentação e o caos parecem avassaladores, defrontar-se com o desmedido das metrópoles como uma nova experiência das escalas, da distância e do tempo. Através destas paisagens, redescobrir as cidades.
Sendo assim consideremos que a arte pública, urbana, presente em nosso cotidiano, recria o espaço, visual e conceitualmente, a medida que redefine o ambiente viabilizando a análise crítico-reflexiva do individuo que por ali percorre, instigando a uma redefinição individual capaz de tocar a alma a medida que o sensibiliza neste mundo por vezes tão opaco e indiferente.
...é preciso que aquele que vênão seja estranho ao mundo que ele olha. Nelson Brissac Peixoto
As manifestações artísticas nos espaços urbanos tem nos chamado a reacender a chama do encantamento pela vida através da arte, cabe portanto ao observar que, atualmente usufruir o livre crescimento das artes, a linguagem das intervenções como instrumento crítico e investigativo para elaboração de valores e identidades das sociedades que tem se apresentado como alternativa aos circuitos oficiais, capaz de proporcionar o acesso direto e de promover um corpo-a-corpo da obra de arte com o público, independente de mercados consumidores ou de complexas e burocratizantes instituições culturais.
É fundamental, ver na arte a vida, cotidiano, individualidade, mas ao mesmo tempo características gerais de um povo, de uma época, que sente, que pensa, que protesta, que luta e que deixa sua marca de maneira que enquanto houver alienação humana, haverá assim problemáticas para grandes artistas.
Como podemos perceber não há como negar a influência exercida por ambas às partes, Arte x Espaço, não temos como separá-las ou evitar que aconteça esta troca recíproca de signos, símbolos que dialogam muitas vezes voluntariamente sem a previsão do artista.
Desta forma se pode dizer que este estudo procurou aproximar questões básicas da arte contemporânea em sua relação com o meio considerando sempre o ser humano como agente desta organização urbana onde se apresentam possibilidades de reafirmações, conexões, reconfigurações, enfim, tramas comuns as dinâmicas globais dos ambientes urbanos contemporâneos .
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